Um otimismo cauteloso com relação à política e à economia até o final de 2017 foi o que demonstrou o economista e cientista social Eduardo Giannetti em palestra realizada em Blumenau nesta quarta-feira (24). O evento, ocorrido no Teatro Carlos Gomes, foi uma realização da SBA Consultores Associados, com apoio da Acib. De acordo com Giannetti, a economia já dá sinais de que está se recuperando e há muito tempo não se via uma equipe econômica de tamanha qualidade técnica no Governo Federal. “Depois de um período de enorme dificuldade, especialmente a partir de 2015, existem hoje sinais consistentes de um equilíbrio a partir do quarto trimestre deste ano e ao longo do próximo”.
Na opinião do economista, a situação tende a uma normalização. “Hoje estamos com 12 milhões de desempregados. Infelizmente, essa situação vai demorar um pouco mais para melhorar. Foram 171 mil empresas de varejo fechadas de 2015 para cá e não víamos nenhuma perspectiva de melhora até pouco tempo, não enxergávamos uma saída. Mas, hoje, felizmente, percebemos sinais de que estamos num caminho que permite vislumbrar uma melhora”, acrescentou, citando novamente a equipe econômica de excelente ordem técnica e o Programa Ponte para o Futuro, que propõe um caminho de ajustamento fiscal.
Giannetti apontou três razões pelas quais é possível voltar a ter confiança no país:
– Inflação em queda e movimento de redução da taxa de juros;
- – Ajuste das contas externas. Vamos terminar 2016 com superávit de R$ 40 bi a R$ 50 bi de dólares. Além disso, o investimento externo continuou no Brasil durante o período de crise;
- – Temos uma enorme ociosidade no parque produtivo. Este é um capital físico e humano que pode ser mobilizado e entrar em produção quando a confiança voltar.
“Há, porém, um risco político, porque o governo que assume é a continuidade do governo Dilma Rousseff. Não será surpresa se surgir um fato que atinja alguns dos principais governantes desse novo grupo na Operação Lava Jato. Se isso acontecer, a governabilidade ficará comprometida”, opinou. Quanto ao crescimento do PIB para o próximo ano, ele acredita que ficará entre 1,5 a 2%.
Pacto federativo e pontos críticos
Apesar desses sinais de que estamos saindo da crise, Giannetti apontou alguns problemas que devem ser tratados a longo prazo. Um deles é o pacto federativo. Para o economista, os recursos provenientes dos impostos devem ficar o mais perto possível de onde se arrecada. Ele citou ainda dois pontos críticos como o esgotamento do ciclo de crescimento da carga tributária e dos gastos públicos e o que ele chama de “falência do presidencialismo de coalisão”. Eduardo Giannetti lembrou que em 1988, ano em que foi criada a Constituição, a carga tributária representava 24% do PIB brasileiro. De lá para cá, com aumento em todos os governos, esse índice chegou a 34,5%. “Trabalhamos um terço do ano para financiar o Estado brasileiro. Além disso, o Estado ainda gasta 10% a mais do que arrecada”, criticou o economista.
Foto: Michel Amilton Deluvino
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