Alerta para a economia em 2014: setor têxtil exige atenção

Consultor Nelson Leite aponta que o próximo ano é atípico e vai sofrer interferência direta dos grandes eventos que o Brasil vai receber.

Um ano atípico. Essa é a definição do escritor e consultor da SBA Associados especializado em varejo, Nelson Jorge Leite, para 2014. “O carnaval é em março e sabemos que para muitos o ano só começa definitivamente depois dessa comemoração. Serão dois meses de copa do mundo: um para a chegada das delegações e outro para os jogos. E ainda há as eleições majoritárias, onde se houver segundo turno, terminam apenas em novembro”, explica o consultor. Leite ainda adverte para as manifestações e os protestos que devem ocorrem ao longo do ano, já que em 2013 eles foram bem intensos e tiveram entre tantas motivações o combate à corrupção e o gasto excessivo de recursos públicos com a construção e a reforma de estádios.

Aliado a essa série de grandes eventos, o consultor alerta para os indicadores econômicos do próximo ano. “A previsão é que o PIB seja parecido com o de 2013, a inflação não deve reduzir e o crescimento vai andar de lado. Além disso, a taxa Selic vai subir devido à política fiscal expansionista do Governo”, acrescenta Leite. Ele ainda lembra que o Fundo Monetário Internacional, FMI, aposta em uma taxa de desemprego maior.

Para o consultor, o brasileiro já está percebendo esse cenário e está pagando as dívidas e evitando fazer novas contas. Nessas situações, a tendência é que as pessoas passem a gastar menos com itens não essenciais, como roupas, fato que interfere diretamente na economia do Vale do Itajaí, que atua fortemente na indústria têxtil. “As empresas vão precisar entender esse cenário e se adaptar, pois a economia vai passar por um momento delicado, principalmente quando falamos de varejo”, afirma Leite.

Para buscar alternativas e não ficar no prejuízo, o jeito é olhar ainda mais a frente. Leite explica que quem trabalha com exportação pode comemorar, já quem atua com importação deve tomar mais cuidado, visto que o dólar deve permanecer alto.

Como a economia brasileira é heterogênea, alguns setores vão sofrer e outros crescer. “As commodities minerais vão ter mais demanda, pois a China vai avançar mais e precisar de ferro, aço e cobre. As commodities alimentares terão impacto positivo, como por exemplo, suínos, gados e caprinos”, argumenta o consultor.

Economia Têxtil

O alerta para o setor têxtil, que é preponderante na região, é que empresários invistam em tecnologia e apostem na exportação. O jeans, sempre atual, certamente continuará a ter um crescimento exuberante. De 2008 a 2012 a produção aumentou 6% em volume de peças confeccionadas, o que gerou expansão acumulada de 27% no período, enquanto a produção de vestuário no país, em geral, teve crescimento acumulado de 4,1% em peças, ou seja, 1% ao ano.

Em 2012, o segmento avançou 3,5% em volume de peças e 7,9% em faturamento, sendo que as vendas totalizaram R$ 7,3 bilhões, segundo uma projeção do Instituto de Marketing Industrial (Iemi). No mesmo período, a produção nacional de roupas como um todo encolheu 5,5% em volume e avançou apenas 2,5% em vendas brutas. Já em 2013, estima-se que o crescimento do jeans tenha sido de 3,5%. Leite acrescenta que o mercado de confeccionados no Brasil em 2013 está estimado em torno de 170 bilhões de reais.

É preciso lembrar que o Brasil é muito competente na cadeia do algodão, um dos principais componentes do jeans. O país planta a matéria prima, produz a fiação, tece, faz o tingimento, as lavagens, o corte e a distribuição, ou seja, faz todo o processo sem necessitar de insumos externos.

O consultor explica que uma pesquisa feita com mulheres brasileiras entre 18 e 30 anos apontou que elas têm de nove a 10 calças peças de jeans em seus armários e compram, pelo menos, sete produtos novos a cada um mês e meio “Tudo isso, matéria prima e alto consumo, é muito positivo para o Brasil e claro para a economia do Vale do Itajaí, que investe muito em moda. Apesar de 2014 exigir atenção, quem souber se preparar em inovação, diferenciação, posicionamento da marca e distribuição vai poder lucrar sim e bem ”, aposta Leite.

[photopress:Nelson_Jorge_Leite_consultor_SBA_foto___Ronald_Pimentel__5_.jpg,thumb,centered] Foto: Ronald Pimentel

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